Pode o Chrome OS mudar a forma como nós nos relacionamos com os computadores?

BRUNO SANTANA

Ontem foi o segundo (e último) dia de Google I/O, a conferência anual de desenvolvedores da empresa, onde foram despejadas várias novidades que você certamente já leu centenas de vezes na internet. E, se terça o dia foi totalmente dedicado ao Android, na quarta o Google focou-se num outro sistema operacional, que muitos já ouviram falar, mas poucos conhecem pessoalmente: o Chrome OS.

Em primeiro lugar, a verdade é que, além das pessoas do Google, pouca gente entende realmente qual o significado do Chrome OS. Talvez a nossa mentalidade esteja muito presa ao conjunto costumes-conceitos-gráficos relativamente semelhante que se apresenta nos sistemas operacionais de mesa mais comuns de hoje, ou seja, Windows, Mac OS e Linux. Para entender a razão de ser do Chrome OS, pense num computador que roda apenas o Google Chrome, sim, o browser que você (se tem um mínimo de racionalidade) usa no seu computador “normal”.

O Chrome OS, na verdade, não passa muito disso. O Google quer vender a ideia de que absolutamente todas as atividades corriqueiras que nós fazemos num computador comum podem ser realizadas na web. Navegar na internet e e-mail são óbvias, mas e quanto a certas outras coisas? Ouvir música? Google Music. Editar documentos? Google Docs. Assistir filmes? Netflix. Séries? Hulu. Editar uma imagem? Já existem vários webapps para isso, como já apareceu até aqui no Mundo Tecno. Para todo o resto, sempre existe o Dropbox.

Agora concorde comigo: estas tarefas representam tudo o que 80%, talvez mais, dos usuários de computador do mundo realizam na frente da telinha. De resto, são profissionais, que precisam de sistemas específicos para programas específicos, ou… bom, eu não consigo pensar em nenhum outro caso. E, mesmo no caso destes profissionais, um “ChromeBook” (alcunha dada pelo próprio Google para os computadores com Chrome OS) seria um perfeito segundo computador, auxiliando em várias tarefas. De resto… penso que estes ChromeBooks serviriam até mesmo como máquina principal.

Por agora, você deve estar se perguntando: “OK, esta história de viver na nuvem é muito linda, mas o que é que eu ganho com isso na prática?”. Bom, é simples. O principal motivo, e eu compartilho desta certeza com o Google, é a estabilidade. Na verdade, a estabilidade dependerá não do processador nem da memória RAM (o sistema em si é extremamente leve, como dá pra notar) da máquina, e sim da estabilidade da conexão da internet do usuário. A princípio, com toda a fleuma que existe em cima da qualidade da internet no Brasil, isso pode afugentar muita gente, mas o que conta não é velocidade, e sim estabilidade. Sua rede pode estar na casa dos milibytes/segundo; se ela não cair o tempo todo, você se dará bem com o Chrome OS.

Além disso, o usuário fica livre para sempre da responsabilidade de ter que lidar com os temperamentais discos rígidos. Os ChromeBooks que a Samsung e a Acer apresentaram hoje (e todos os próximos) tem um simples SSD de 16GB para arquivos do sistema, e uma coisa ou outra que o usuário precise habilitar para modo offline – e eu acho que é até muito. Por tudo estar na nuvem, você se verá livre dos HDs para sempre, proporcionando máquinas mais resistentes, menores e, acima de tudo, infinitamente mais rápidas, com boot instantâneo e tudo mais.

(Apenas um adendo aqui: é sempre bom lembrar que, apesar do conceito de “nuvem” fazer parecer que todos os seus arquivos ficarão armazenados num plano dimensional alternativo, não é bem assim. Sempre haverá um espaço físico para eles; a diferença é que, ao invés de ser dentro do seu computador, será em gigantescos servidores num datacenter provavelmente numa região remota dos EUA ou da Ásia. Em outras palavras, comemore, pois a responsabilidade de cuidar de seu HD e se preocupar com ele foi passada diretamente para o Google, ou para seja quem for.)

Então, finalmente chegamos à grande questão, que você já leu no título do post: será que o Chrome OS pode mudar a nossa relação com os computadores? Será que ele mudará de vez a forma como nós enxergamos um computador? Bom, potencial para isso certamente ele tem, mas o cumprimento da tarefa em si dependerá de dois fatores:

1) O Google, que sabe que sua ideia é inovadora demais para a cabecinha conservadora da grande maioria dos consumidores, e precisa investir pesado em publicidade para a plataforma, de todas as maneiras possíveis;

2) Nós, os tais consumidores com as cabecinhas conservadoras.

Fonte : MundoTecno

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João Sérgio

Consultoria e Gestão Estratégica de TI. Nossa Missão é ajudar os Gestores das empresas a obter alta produtividade e eficiencia através de Prevenção e Gerenciamento. E-mail:|Skype: joao@tisv.com.br | Site: www.tisv.com.br
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